Mais de cem professores do Uiramutã, ao Norte de Roraima, participaram ontem, dia 9, de uma assembleia promovida pela Organização dos Professores Indígenas da Região da Serra (OPIRR), na comunidade indígena Pedra Branca, distante a 43 quilômetros da sede do município.
No primeiro dia de encontro, os educadores discutiram o programa federal Pé-de-Meia, a importância do ensino infantil nas escolas indígenas municipais, calendário escolar e o andamento do estágio probatório dos novos concursados.
Nesta sexta-feira, dia 10, último dia da assembleia, os professores discutem a formação superior indígena, o seletivo e concurso público que ocorrerá em 2026, o plano unificado da carreira de professores e a criação de associações de Pais e Mestres.
O professor indígena Jardeson Francisco Ribeiro Pinho falou da importância da assembleia. Segundo ele, o diálogo permite o compartilhamento de experiências e a definição de políticas etnoeducacionais para fortalecer a cultura e língua materna.
“Lutamos por um direito que garante a autonomia e a valorização do povo indígena na educação. Portanto, a assembleia é um espaço essencial para a comunidade escolar articular estratégias em busca de políticas públicas que assegurem uma educação de qualidade para nossos alunos”, ressaltou.
O secretário-adjunto da Educação do Uiramutã, professor Joeverson Sales, falou dos programas que chegaram ao município para ajudar o professor a se capacitar. Contudo, ele lamentou que muitos não demonstram interesse. “Temos que entender que a docência não é profissão, é missão”, observou.
Joeverson reclamou de gastos não-programados que ocorrem na Educação. Ele explicou que das 71 escolas municipais, 53 têm decreto e as demais funcionam em salas anexas, o que prejudica o trabalho da secretaria, segundo o adjunto, porque os gastos com essas salas ficam de fora do planejamento anual.
“Temos consciência que falta muita coisa, mas estamos avançando mesmo com todos os desafios, uma vez que fazer Educação no Uiramutã não é fácil. Mas acima de tudo é preciso ter um olhar especial com nossas crianças”.
O secretário de Educação do Uiramutã, Damázio de Souza Gomes, fez cobranças a professores e gestores. Ele reclamou da falta de compromisso de professores que deixam as crianças sem aula. Também criticou gestores que não liberam professores para fazer cursos de formação no município.
Renovação de contratos
Ainda em discurso, Damázio adiantou que a Educação vai renovar ano que vem o contrato de todos os professores seletivados do município. Disse ainda que pode ocorrer outro seletivo, mas apenas para preencher o quadro de reserva de professores e pessoal de apoio.
Sobre o concurso público diferenciado para professor indígena, previsto para acontecer no próximo ano no Uiramutã, o secretário perguntou se eles estavam preparados. “É preciso que vocês estudem”.
Damázio também falou da falta de recursos e dos altos custos que a Educação tem. No setor de transporte escolar, por exemplo, ele deixou bem claro que é preciso alocar mais recursos para atender outras comunidades.
“Recebemos apenas 57 mil por mês para a merenda escolar. O que vamos fazer com tão pouco? Nossa despesa é muito alta, por isso é preciso um esforço conjunto para fazer a nossa educação avançar. A responsabilidade é de todos”, pontuou.
Tuxauas de várias comunidades também participaram do encontro, que termina hoje à tarde. O prefeito do Uiramutã, Tuxaua Benísio (Rede), disse que a assembleia é muito importante porque abre discussões com o objetivo de melhorar a educação. “Vamos continuar investindo neste setor, que é prioridade da nossa gestão”, finalizou.