Povos indígenas de Roraima participaram esta semana de diálogos formativos e interculturais sobre saberes ancestrais e a educação escolar indígena. O I Seminário do Programa Ação Saberes Indígenas na Escola ocorreu no auditório do Instituto Federal de Roraima (IFRR), em Boa Vista, com o tema “Entrelaçando saberes entre os povos Ninan, Patamona e Ingaricó”.
A iniciativa se consolida como um espaço de protagonismo indígena, diálogo intercultural e fortalecimento das práticas educativas construídas a partir dos próprios territórios. Reunindo professores indígenas cursistas, orientadores de estudo e lideranças dos povos, o seminário promoveu a troca de experiências, o compartilhamento de vivências e a reflexão coletiva sobre os resultados, desafios e impactos formativos da Ação Saberes Indígenas na Escola (Asie), desenvolvida pelo IFRR, por meio da Pró-Reitoria de Extensão (Proex).
O prefeito do Uiramutã, Tuxaua Benísio (Rede), secretários municipais e equipe técnica participaram do seminário. A abertura do evento contou ainda com a presença da diretora da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi/MEC), Rosilene Tuxá, e da coordenadora-geral da Rede Saberes Indígenas, professora Ana Gomes.
A coordenadora do programa, professora Marilene Alves Fernandes, informou que a programação incluiu uma palestra sobre a Política Nacional de Educação Escolar Indígena nos Territórios Etnoeducacionais (PNEEI-TEE), que reafirma o direito dos povos indígenas a uma educação escolar bilíngue, específica, diferenciada e intercultural.
“A proposta é aprofundar a compreensão dos professores indígenas sobre o território como espaço formativo, político e cultural, fortalecendo o entendimento da política pública como instrumento de garantia de direitos e de valorização das identidades indígenas”, destaca Marilene.
Durante o seminário também foram ministradas oficinas de grafismo indígena, que utilizam tintas naturais empregadas nos próprios territórios. As atividades abordaram a identidade cultural e saber ancestral dos povos.
“As oficinas possibilitam vivenciar e refletir sobre os significados simbólicos, estéticos e pedagógicos dos grafismos, reconhecendo-os como linguagem, memória e forma de conhecimento”, explica a coordenadora.
Segundo o secretário de Educação do Uiramutã, Damázio de Sousa Gomes, as práticas desenvolvidas durante o seminário contribuem para ampliar as possibilidades de integração dos saberes indígenas aos processos educativos, à produção de materiais didáticos e à construção de currículos interculturais contextualizados.
“O evento reafirma o compromisso com uma educação indígena plural, democrática, socialmente referenciada e construída a partir das vozes e experiências dos próprios povos indígenas”, pontuou Damázio.