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Desembargador Mozarildo suspende audiência e Jalser respira aliviado
AUDIÊNCIA SUSPENSA

Moza dá tempo para Jalser se safar

Desembargador livra a cara de deputado miliciano, único do Brasil; vergonha para RR

O jornalista Romano do Anjos, sequestrado e torturado, ainda sente as dores. Vai carregar a cicatriz na alma pelo resto da vida. Mas o mandante, Jalser Renier, único deputado miliciano do Brasil, continua rindo à toa, esbanjando milhões roubados do povo, à beira de sua estilosa piscina, brindando com comparsas deputados, empresários, juízes e até desembargadores, também bandidos, de toga. O crime aqui compensa.

Estava marcada para hoje a audiência do processo de cassação do endinheirado “menino de ouro”, mas o desembargador Mozarildo Cavalcante (TJ/RR), contando talvez um “bolo” de dinheiro, deu mais tempo para o deputado miliciano se safar. Com a toga manchada, Mozarildo suspendeu a bendita audiência. Jalser agradeceu, claro.

A justificativa do deputado miliciano? Alegou que não teria como notificar as 32 testemunhas, indicadas por ele mesmo, para participarem das oitivas. Mozarildo aceitou na boa, ou seja, as oitivas não devem ocorrer até que se julgue o pedido em definitivo.

Romano continua sentindo as dores, mas o que isso importa para o desembargador? Meu velho avô sempre dizia: “meu neto, neste país quem tem dinheiro se respeita”. É verdade, vô. Não importa o crime, se hediondo ou não. O que vale é dinheiro na conta, né desembragador?

 

Justiça Estadual, uma vergonha

Jalser acionou a Justiça de Roraima ontem para que a ALE-RR adiasse a audiência que tratava sobre a cassação do mandato do deputado. No pedido, a defesa argumentou que Renier não poderia participar da audiência, pois está impedido de manter contato com envolvidos no caso devido às medidas cautelares.

Para testemunhar, Renier convocou o jornalista Romano dos Anjos e o sargento Hélio Pinheiro, ambos com envolvimento no processo de investigação. Além disso, afirmou que não era possível reunir todas as testemunhas e acusou a ALE-RR de acelerar o processo de cassação.

Inicialmente, o juiz Luiz Alberto de Morais Júnior, de toga límpida, negou o pedido. Alegou acertadamente que a ALE estava cumprindo os ritos de acordo com os prazos previstos e a própria Casa disponibilizou link para que as testemunhas pudessem participar de forma on-line das oitivas.

Mas Mozarildo, não se sabe o motivo (R$), entendeu de outra forma e decidiu acabra com harmonia entre os poderes e interferiu no correto rito parlamentar. A troco de quê (R$)? Não se sabe.

 

Velhos de toga de Brasília

Em outra tentativa desesperada de impedir o processo de cassação, o deputado miliciano solicitou aos velhos de toga do STF a tutela provisória de urgência para que a Corte o reconduzisse ao cargo de presidente da Casa. Jalser, na cara de pau, também pediu para que o ministro Alexandre de Moraes suspendesse o processo de cassação contra ele. Recebeu um não como resposta da Corte Suprema.

Mas Mozarildo não enxegou nada disso. O que o desembargador viu, então (R$)? Na verdade, o desembargador “empurrou com a barriga” a iminente cassação do único deputado miliciano do País, outra vergonha para Roraima.

 

Jalser, o mandante

O inquérito aponta Jalser Renier como o mandante do sequestro do jornalista Romano dos Anjos. O crime ocorreu em outubro de 2020. Em seguida, o MPRR e a PM deflagraram a operação Pulitzer. A força-tarefa resultou na prisão do deputado e mais 10 investigados no caso, todos milicianos, considerados de alta periculosidade.

Investigações apontam que a milícia, a primeira que se tem notícia em Roraima, foi criada por Jalser quando ele ocupava o cargo de presidente da Casa. A finalidade era intimidar adversários políticos. Todos recebiam salários de até R$ 12 mil pelo gabinete do deputado.

Assim que Jalser “caiu”, o PSL entrou com pedido de cassação. O motivo é por quebra de decoro. Logo depois, o jornalista Iury Carvalho protocolou um pedido de afastamento e depois voltou à Casa para reforçar o pedido.

A sociedade civil organizada também cobra a cassação e prisão do deputado miliciano, mas, por enquanto, nada está adiantando porque sempre existe um bandido a mais para livrar a cara do comparsa.

Romano ainda sente dores, é verdade, mas o que isso importa, né desembargador?

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