Só em Roraima, mesmo. O governo do Estado incluiu duas escolas de playboyzinhos, no Centro da BV City, no “sistema de sorteio” por vagas para o ano letivo de 2022. Só vai estudar lá, alunos “sorteados”, ou seja, aqueles que forem escolhidos pela Direção.
A medida é tradição em colégios militarizados, mas foge à proposta de fila de matrículas comum na rede pública de ensino. As escolas Lobo D’Almada e Euclides da Cunha, ambas no Centro, foram escolhidas para garantir vagas apenas por sorteio.
A galera do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinter) está fuleira da vida com a medida discriminatória. A presidente, Josefa Matos, lembrou que as escolas estaduais sempre tiveram as matrículas feitas através de espera em fila.
Ela afirmou também que a medida prioriza apenas duas escolas, enquanto desvaloriza todo o restante.
“Discriminação. Por que só com estas duas escolas? Temos várias escolas estaduais. Dizer que a procura é grande não justifica porque, como já disse, há várias escolas. Essas duas são melhores que as outras?”, questionou a Josefa, mordida da vida com a sacanagem.
Moradora há 10 anos do São Francisco, dona Maria do Bairro, de 58 anos, reclamou, e com toda razão, da picaretagem na hora de matricular os dois filhos nas escolas do Centro.
“Sempre estudaram lá, mas este ano não conseguiram renovar a matrícula, só porque disse que não ia votar no Denarium. Disse mesmo. Foi quando a secretária excluiu meus filhos da lista de matrícula. Só matricularam lá filhinhos dos eleitores desse governador”, denunciou dona Maria, mordida da vida com o Dena.
Em 30 de dezembro, o Estado anunciou a oferta de 110 vagas para o ingresso no 6° ano da Escola Euclides da Cunha e 210 vagas para a 1ª série do Ensino Médio na Escola Lobo D’Almada.
Conforme o comunicado, as inscrições para o sorteio seguiram até o dia 04 e no dia 06, o sorteio foi realizado no auditório da Univirr. Só entrou aluno com “peixada”.
“Lero-lero”
O governo veio com fuleragem, alegando que não se trata de “discriminação”, mas que é um “processo democrático” para atender a preferência dos estudantes pelas duas escolas, já que ambas “não possuem vagas suficientes para atender a alta demanda.
Quem não conseguir uma vaga por sorteio nas escolas dos “riquinhos” deve ser matriculado em escolas próximas de suas casas”, diz trecho de indecorosa nota.