Moradores da comunidade indígena Serra do Sol, distante a 80 quilômetros da sede do município do Uiramutã, ao Norte de Roraima, denunciam as condições precárias da escola estadual indígena Joaquim Jones José Ingarikó. A unidade de ensino, de responsabilidade da Secretaria Estadual de Educação (SEED), do governo do Estado, é de barro e não tem piso nem forro.
A estrutura, que ameaça desabar com os temporais na região, tem três vãos de entrada que servem como portas, e dois buracos improvisados na parede, as “janelas”. Quando a chuva cai, pinga mais dentro do que fora. A escola também não tem copa, nem cozinha, mas isso pouco importa, já que há meses a unidade de ensino não recebe merenda escolar do governo do Estado.
Moradores contam que a unidade de ensino foi construída há pouco mais de cinco anos pela própria comunidade, com a promessa de que o governo do Estado construiria outra escola de alvenaria meses depois, mas até hoje os alunos Ingarikó continuam estudando na escola de barro.
Mãe de três alunos, uma indígena, de 42 anos, que preferiu não se identificar, mandou fotos e vídeos para esta redação, relatando a precariedade da estrutura da escola estadual indígena Joaquim Jones José Ingarikó. Ela também reclamou da péssima qualidade de ensino ofertada aos três filhos, todos ainda crianças.
“Tenho medo quando eles vão estudar, pois esta escola não oferece a mínima segurança. Eles fazem as tarefes sentados no chão porque não tem mesa, nem cadeira. O quadro também fica no chão. Também não tem merenda há meses. Cadê o governador que não vê isso? A Educação do nosso Estado é uma tristeza, puro descaso”, lamentou a indígena Ingarikó.
A reclamação dos pais de aluno e da comunidade continua. Eles também criticaram os representantes do povo Ingaricó que, segundo eles, há anos ocupam cargos estratégicos dentro da Secretaria Estadual Indígena (SEI), mas nada fazem para melhorar as condições de vida dos moradores da Serra do Sol.
“Apenas usam o nosso nome (Ingarikó) para conseguir benefícios para eles, enquanto ficamos aqui, abandonados. Tanto tempo neste governo, mas sequer construíram uma escola digna para os nossos filhos, infelizmente”, lamentou uma liderança indígena do povo Ingarikó, que também preferiu não se identificar.
Descaso também no Flexal – Na semana passada, moradores da comunidade indígena Flexal, a 30 quilômetros da sede do município, também denunciaram o estado de abandono da escola estadual indígena Tuxaua Pedro Barbosa. A unidade de ensino, de responsabilidade da SEED, é mais uma que coloca em risco a vida de professores e alunos devido sua estrutura física totalmente comprometida.
No começo deste ano, o governador do Estado, Antônio Denarium, durante solenidade no Palácio Senador Hélio Campos, prometeu reformar escolas indígenas no Uiramutã, mas até agora não cumpriu com a palavra e os alunos indígenas continuam correndo riscos em sala de aula.
Sem retorno – na manhã de hoje, dia 20, a reportagem mandou e-mail à Secom do Palácio e à Assessoria de Comunicação da SEED, mas até a publicação da matéria não houve retorno. O espaço está aberto.