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Foto: Defesa Civil do Uiramutã
fogo serra
Brigadistas de Defesa Civil Municipal tentam controlar o incêndio no Pá da Serra, perto da sede do Uiramutã
NO UIRAMUTÃ

“Pé da Serra” arde em chamas

Coordenador da Defesa Civil municipal, Julimar Sena acredita que o incêndio foi criminoso porque começou no meio da mata, no alto de uma serra

A sede do município do Uiramutã, ao Norte de Roraima, amanheceu coberta de fumaça. Brigadistas da Defesa Civil municipal tentam apagar o fogo desde a tarde de ontem, dia 10, no alto de uma serra, nas imediações da sede. O local é de difícil acesso, o que implica no combate ao incêndio.

O coordenador da Defesa Civil Municipal, Julimar Sena, acredita que o incêndio foi criminoso porque começou no meio da mata fechada, no topo da serra, longe das roças das comunidades, onde geralmente os indígenas tocam fogo para limpar o terreno.

Os brigadistas subiram a serra para tentar apagar o incêndio, na tarde de ontem, e retornaram à noite, mas devido o vento forte, o fogo se alastrou e atinge agora outras áreas. Na manhã de hoje, dia 11, a equipe subiu novamente para evitar que as chamas desçam a serra e atinjam as comunidades indígenas, mas o incêndio saiu do controle e ameaça atingir a comunidade Pé da Serra.

A fumaça da queimada está provocando irritações e problemas respiratórios aos moradores da sede. O número de atendimentos no posto de saúde José Júlio aumentou na manhã de hoje. Crianças e idosos, principalmente, passaram mal devido a inalação da fumaça.

Já faz mais de dois meses que não chove na região. Os dois principais rios que passam perto da sede, o Uailã e o Maú, estão tão secos que podem ser atravessados a pé. Isso tudo dificulta ainda mais o trabalho dos brigadistas.

Para reforçar o combate ao fogo na região, o governo do Estado mandou na semana retrasada mais 15 novos brigadistas seletivados ao Uiramutã. Eles esperaram uma semana pelos uniformes e equipamentos de Boa Vista, mas agora já estão em campo.

Além dos brigadistas municipais e dos agentes do Prevfogo, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), as comunidades indígenas também ajudam a combater os focos de incêndio, disponibilizando voluntários. Militares do 6° Pelotão Especial de Fronteira (PEF), do Exército Brasileiro, também ajudam no combate às queimadas na região.

O coordenador da Defesa Civil pede para que a população evite queimadas nesse período de estiagem. “Não está chovendo e os rios secaram. Está muito seco. Portanto, é preciso que todos ajudem, evitando tocar fogo em lixos ou roças”, orientou Julimar.

Crime ambiental – Provocar incêndio em mata ou floresta é crime ambiental definido no artigo 41 da Lei de Crimes Ambientais, com previsão de pena de reclusão de dois a quatro anos, assim como causar incêndio expondo a vida, integridade física ou patrimônio de outro a perigo sujeita o infrator à reclusão de três a seis anos (artigo 250 do Código Penal).

Punição – Além da possibilidade de responder a processos criminais, o cidadão que faz uso de fogo sem licença pode sofrer multa administrativa de R$ 1 mil por hectare, bem como ser chamado a reparar os danos causados, e aí se incluem danos morais em prol da coletividade, que fica tolhida de fruir do patrimônio ecológico degradado.

Falta de água – A falta de água em vários bairros na sede do Uiramutã já ocorre há mais de seis meses. A Companhia de Águas e Esgoto de Roraima (Caer) informou na semana passada que vai perfurar mais dois poços artesianos na sede do município ainda este ano.

Produção agrícola comprometida – A forte estiagem na região também atinge a produção agrícola nas comunidades indígenas. As roças secaram e hoje falta até farinha no município. A produção do Caxiri – bebida indígena típica da região – também está comprometida.

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