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Foto: Jardeson Pinho
ardua tarefa de educar
Coordenador do polo Área de Voo, Dones Batista falou dos desafios para levar educação às comunidades de difícil acesso
MISSÃO DIFÍCIL

A árdua tarefa de educar na Serra do Sol

São inúmeras as dificuldades enfrentadas por professores e coordenadores municipais do polo Área de Voo, mas nada é impossível

Dar aulas em comunidades de difícil acesso, cercadas por rios e serras, é uma missão quase impossível, quase. Mas para professores e coordenadores da região Serra do Sol, a árdua tarefa torna-se gratificante toda vez que um aluno indígena consegue passar de ano.

Coordenador pedagógico de nove escolas indígenas do polo Área de Voo, na Serra do Sol, Dones Antônio Batista há dois anos trabalha na região, talvez a mais difícil de Roraima por causa de sua geografia acidentada, repleta de rios e serras quase intransponíveis.

Em entrevista na comunidade Serra do Sol, esta semana, Dones falou um pouco dos desafios que enfrenta todos os dias para atender as nove escolas municipais da região que assistem 192 alunos Ingarikó.

“São muitos desafios, obstáculos. Aqui na região temos seis meses de sol e outros seis de muita chuva, o que dificulta ainda mais nosso trabalho por causa do difícil acesso. Temos que coordenar 14 professores e mais nove servidores de serviços gerais. A missão é árdua, mas não impossível”, ressaltou.

Para evitar o desabastecimento das escolas mais afastadas no tempo das chuvas, Dones explicou que a Educação municipal envia merenda escolar, gás de cozinha, material didático e de limpeza para três meses. São duas grandes remessas durante o período chuvoso na região.

Mas o trabalho não é simples e precisa de muito planejamento. O explicou como funciona. Ele repassa as demandas ao professor e tuxaua da comunidade Serra do Sol, Woston Semeão, que as encaminha via WhatsApp à Secretaria de Educação do Uiramutã. A solicitação chega, então, à coordenadora de Divisão de Ensino, Elineude Pinho, que logo vai atrás e providencia o que está faltando nas escolas indígenas.

“O trabalho só funciona porque trabalhamos em parceria com as comunidades. Antes das chuvas, visitamos essas nove escolas em comunidades de difícil acesso e lá constatamos a necessidade de cada uma. Depois, fazemos um planejamento minucioso para que tudo dê certo e não falta nada a esses alunos e professores no tempo chuvoso”, explicou Elineude Pinho, da Divisão de Ensino.

Parcerias – Além do abastecimento das escolas, a Educação municipal ainda trabalha com vários parceiros. O Centro Estadual de Formação dos Profissionais da Educação de Roraima (CEFORR), por exemplo, vai este ano ministrar um curso de formação específica para os Ingarikó na área da Educação Infantil.

A comunidade da Serra do Sol também participa do projeto de leitura Omunga, que é desenvolvido por uma organização não-governamental (ONG) privada. A proposta é disponibilizar biblioteca nas comunidades mais distantes em localidades de difícil acesso.

Em parceria com a Educação municipal, o Omunga também forma professores da própria comunidade indígena. São esses professores que elaboram os livros e conteúdo que serão utilizados no processo de aprendizagem dos alunos.

“Este projeto, votado e aprovado em assembleia indígena, visa atender a todos os polos de ensino do Uiramutã. Em abril próximo haverá uma escuta para a escolha dos livros adequados aos indígenas”, adiantou o secretário de Educação municipal, Damásio Gomes.

Mesmo com tantos desafios e obstáculos naturais, Damásio finalizou garantindo que todas as escolas municipais, sem exceção, continuarão sendo atendidas de forma igual, como determinou o prefeito Tuxaua Benísio.

“Como dissemos: a missão de levar Educação a comunidades tão distantes é árdua, quase impossível, mas não medimos esforços para garantir que todos os nossos alunos frequentem a escola, devidamente abastecida e preparada para atender nossas crianças da melhor maneira possível. O trabalho está dando certo e vai continuar”, garantiu Damásio.

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