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Foto: Amilcar Júnior
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Barreira indígena fez o movimento cair no comércio da sede do Uiramutã
ECONOMIA EM XEQUE

Barreira faz comércio cair na sede do Uiramutã

Guianenses são impedidos de passar, deixam de fazer compras e comerciantes amargam prejuízos

Uma barreira montada por indígenas em uma estrada a quatro quilômetros da sede do município do Uiramutã, ao Norte de Roraima, fez cair em 60% o movimento no comércio local.

A barreira fica próxima à comunidade indígena Uiramutã Ken. A estrada que passa pelas imediações era utilizada por Guianenses, que atravessavam o rio Maú para fazer compras na sede do município.

Mas com o bloqueio da estrada, agora os guianenses não conseguem mais chegar até a sede, o que prejudica comerciantes e lojistas devido à expressiva queda nas vendas.

Dono de uma distribuidora de bebidas, na avenida Martiniano Vieira, um comerciante, que preferiu não se identificar, confirmou que as vendas caíram em torno de 60% desde que a barreira indígena foi instalada, no mês passado.

“As mercadorias estão estocadas. Antes, o movimento era bem mais intenso. Os guianenses compravam muito aqui e aqueciam o nosso comércio. Mas agora, com essa barreira, o movimento caiu mais da metade”, lamentou o comerciante.

A barreira também derrubou o movimento em supermercados, lojas de confecção, restaurantes e hotéis. Até quem trabalha fazendo frete sentiu o impacto no movimento.

“Essa barreira clandestina vai acabar com o comércio aqui da sede. Então, é preciso que nossas autoridades competentes tomem providências urgentes”, cobrou um empresário, que também preferiu não se identificar.

Há 14 anos como comerciante na sede do Uiramutã, Wagner Magalhães, morador da rua Nova, antiga Jatobá, também reclamou da queda nas vendas.

“Os guianenses compravam gênero alimentício aqui comigo. Mas agora, com essa barreira, eles não chegam mais. O movimento caiu muito”, reclamou Wagner.

Demissões – Caso a barreira continue, comerciantes e lojistas avisaram que vão ter que demitir funcionários por causa da abrupta queda nas vendas. As demissões também provocarão um impacto na economia do município, que sobrevive apenas de repasses dos governos estadual e federal.

Reclamação generalizada – A barreira foi montada pelos indígenas no perímetro urbano da sede do município, o que vai de encontro com a lei, uma vez que ficaram de fora da reserva indígena Raposa Serra do Sol, de acordo com o decreto presidencial, a sede do município, a rodovia estadual 171 e a rede de eletrificação que atravessa todo o território.

Contudo, indígenas da Uiramutã Ken, responsáveis pela barreira, alegam que bloquearam a estrada para evitar que bebida alcóolica e outras drogas entrem na comunidade.

“Muita droga está entrando na nossa comunidade por essa estrada, utilizada principalmente pelos guianenses. Por isso, decidimos montar a barreira”, justificou um indígena, que não quis se identificar.

Outras rotas – A reportagem entrevistou, na manhã de hoje, dia 7, alguns guianenses que faziam compras na sede do município. Eles tiveram que percorrer mais de 20 quilômetros em estradas “cabriteiras” no meio do lavrado para chegar até a sede do Uiramutã.

“Demos a volta pela serra, pegamos o lavrado e atravessamos o rio (Maú) em um lugar raso, longe da barreira dos indígenas. Percorremos mais de 20 quilômetros de quadriciclo para chegar aqui (na sede)”, disse um guianense, que também preferiu não se identificar.

 

Sem resposta – Como trata-se de questão indígena, de responsabilidade do governo federal, a reportagem mandou e-mail ao Ministério Público Federal (MPF) e à Polícia Federal (PF), que até a publicação da matéria não deram resposta.

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